Como cancelar sua assinatura do Uber PassComo excluir conta no Uber (motorista e usuário)

Os documentos incluem e-mails e conversas de WhatsApp e iMessage entre executivos da imprensa, além de memorandos e anotações. Eles foram entregues ao jornal britânico The Guardian, que os compartilhou com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).

“Piratas” e “ilegais pra caramba”

Um dos aspectos revelados pelo vazamento é que os maiores executivos da Uber tinham plena ciência de que seu negócio não estava de acordo com as leis. Em uma mensagem enviada a um colega em 2014, Nairi Hourdaijan, chefe de comunicações globais da empresa, disse isso com todas as letras: “Às vezes nós temos problemas porque, bem, nós somos ilegais pra caramba.” Hourdaijan não era o único. Em uma conversa sobre o termo “além da legalidade”, que a companhia vinha usando em suas comunicações, outro executivo afirma, em um e-mail: “Nós nos tornamos oficialmente piratas.” Os executivos tanto estavam cientes dessa situação que os sistemas da empresa contavam com um “botão de desligar”, a ser acionado caso autoridades fechassem o cerco contra a companhia. Ele que restringiria imediatamente o acesso a dados sensíveis, como a lista de motoristas. O botão teria sido acionado no mínimo 12 vezes na Europa e na Ásia.

CEO apoiava violência

A Uber não arrumava confrontos apenas com a lei. Os taxistas, que até então eram os únicos prestadores desse tipo de serviço, também se revoltavam e protestavam. E Travis Kalanick, co-fundador da empresa e CEO até 2017, não via problema nisso — pelo contrário. Segundo os documentos, ele gostava. Executivos da companhia alertaram para não mandar motoristas a um protesto na França, porque havia risco de violência por parte dos motoristas de táxi. Kalanick discordou. “Eu acho que vale a pena. A violência garante sucesso.” Kalanick nega ter sugerido isso. Um ex-executivo sênior disse ao Guardian que a empresa buscava “instrumentalizar” os motoristas e explorar a violência para “manter a polêmica rendendo”. Em Amsterdã (Holanda), homens mascarados atacaram motoristas da Uber. A empresa encorajou os motoristas a procurarem a polícia e, depois, compartilhou os boletins de ocorrência com o principal jornal da cidade. Um gerente disse que a Uber deveria “manter a narrativa de violência rolando por alguns dias, antes de oferecer a solução”.

Macron ajudou a Uber na França

Além da ilegalidade e da violência, os Uber Files jogam luz na relação da empresa com autoridades. A maior delas talvez seja Emmanuel Macron, atual presidente da França. Quando era ministro da Economia do país, em 2014, ele teve papel crucial na legalização do serviço. Macron e Kalanick teriam se encontrado ao menos quatro vezes. O então ministro trabalhou com a empresa para reescrever a legislação que controlava os serviços. A Uber foi a responsável por dar o “esqueleto regulatório” para o compartilhamento de viagens. Em junho de 2015, quando taxistas fizeram protestos violentos, Macron prometeu que iria preparar a reforma e corrigir a lei. Ainda naquele ano, ele assinou um decreto relaxando as exigências para motoristas da Uber serem autorizados a trabalhar. Macron não foi o único. Os arquivos também revelam que Neelie Kroes, ex-comissária da União Europeia, chegou a conversar sobre um possível cargo na Uber antes de deixar seu cargo, além de fazer lobby para a companhia.

O que diz a Uber

Em uma nota publicada em seu site, a Uber diz que “não foram poucos os erros antes de 2017” e que “não tem e não vai dar desculpas por comportamentos passados, que claramente não estão alinhados com seus valores atuais”. A companhia diz ter passado por um enorme escrutínio público e processos, investigações e desligamento de executivos. Segundo o texto, a chegada do novo CEO, Dara Khosrowshahi, representou uma mudança nos valores. A empresa destaca que 90% dos funcionários atuais foram contratados pela nova chefia. Com informações: The Verge, TechCrunch, The Guardian.

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